Pedofilia e pederastia praticada pela
igreja católica.

Causa, projetos e efeitos na sociedade
1997 - Reflexões esquecidas

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

 

Livro *Jesus de Nazaré: a Infâmia humana*

Cod. ISBN 9788893322034

Index Pedofilia

 

Livraria Universitária

Ibs - livros

Cod. ISBN 9788893322034

Tratam-se de reflexões que estão aptas a permitirem que as pessoas entendam o ambiente social e cultural onde se alastra a pedofilia da igreja católica.

Na religião cristã não existe escravidão mais violenta do que aquela das crianças dentro da família.

As crianças, na organização da família cristã, são pura e simplesmente equiparadas aos animais de gado destinados ao trabalho, à obediência, à tortura e ao estupro. Pela ideia da família cristã não existe um direito da criança, que é tida como propriedade dos pais, e que não pode pretender, em relação a ela, ter algum direito. A igreja católica impõe a pedofilia como uma prática, dentro da família, através de uma repressão militar à sexualidade. Não é por acaso que o Ministro Gelmini para ajudar a igreja católica a estuprar meninos, não tenha introduzido na escola elementar a educação sexual. Antes do terrorismo de Gelmini, todos os ministros da educação se ajoelharam diante da igreja católica e cuspiram sobre a Constituição da República.

É uma pedofilia que a igreja católica impõe aos meninos, seja como violência sexual seja como estupro da estrutura emotiva deles, desestruturando a psique dos meninos, de modo que a propagação da libido desses menores de idade passe através do delírio da posse, seja como violência física seja como a imitação do cristo dos cristãos.

Não existe no catolicismo um uso feliz, jubiloso, do sexo. O sexo não é prazer e recreação, mas para o catolicismo deve ser praticado com dor. Em outras palavras, o sexo deve ser um meio para se impor a posse pessoal sobre as outras pessoas. Por isso, a igreja católica sempre foi contra à educação sexual nas escolas, contra o uso do preservativo, ao uso da pílula no dia seguinte, ao Rs486.

Para a igreja católica o sexo deve ser um ato de violência com o qual o estuprador ratifica o seu poder e domínio pessoais sobre o outro. A religião católica substituiu Afrodite, entre os Seres Humanos, pelo seu deus estuprador.

É o Jesus dos cristãos que comprova este direito de violência sobre os meninos. O que muita gente não sabe, inclusive os que seguem o cristianismo, é que ele mesmo, Jesus, foi preso ao lado de um menino nu; e ainda temos um delinquente como é Ennio Fortuna que acha totalmente normal que esse pobre demente violente os meninos (vejam em seu livro em que o absolve de cada pecado: que venha dizer a mim!)

Miriam Maffai pratica um pouco de masturbação cerebral sobre os entendimentos de Galimberti, mas é interessante o que Maffai afirma a respeito, devido à condição na infância, aos 60 anos mais ou menos na Itália: tudo é terror e devastação emotiva. Nada a ver com as exigências propostas por Platão, no que tange à infância ou aos cuidados da infância na Grécia antiga, ou na Itália pré-cristã. O cristianismo destruiu o papel social da família para transformá-lo em uma condição de estupro em relação aos menores de idade ou, se preferirem, em relação à educação dos rapazes em cristo.

* La Repubblica - Terça-feira, 25 de março de 1997 - página 1
Miriam Mafai
O noticiário narra fatos terríveis, mas hoje o progresso melhorou a condição de infância
QUANDO OS MENINOS ERAM ESCRAVOS *

SINGULAR promiscuidade entre uma cultura de esquerda em crise e uma cultura católica em crescimento, a catástrofe no futuro tornou-se quase uma consciência comum, a comunicação que envolve conjuntamente os comentários, nos jornais, na televisão ou nas ruas, que se manifestam nos fatos quotidianos divulgados, e que envolvem, como sói acontecer, os mais fracos, mulheres e crianças. Eis então que, cada um indica como responsável por tantas infâmias a nossa sociedade em sua complexidade, doente com a violência, privada de todos os princípios éticos e dominada pelos sabores da competição, da imposição e pela procura desenfreada de aproveitamento e de prazer. E ao mesmo tempo escuta-se nesses comentários, às vezes mais explícito e às vezes menos claro, o arrependimento de uma época na qual outras regras organizavam o mundo, quando os grandes princípios morais eram respeitados, e quando os relacionamentos entre homens, mulheres e crianças não se inspiram na fruição e na violência. NÃO me surpreendo quando estes conceitos são manifestados pelo jornal do Vaticano ou pelo protagonista, na pessoa do pontífice, que há poucos dias justamente alarmado e indignado pelo fenômeno da prostituição e da pedofilia, levantava o seu braço acusador contra as crises na família, uma prática sexual desvinculada do dever da reprodução, contra a corrida em direção à riqueza, ao hedonismo, ao consumismo, e mantendo o seu braço acusador contra uma sociedade que libertou da sujeição ao divino. Surpreendo-me mais quando conceitos análogos são expressados por um pensador laico e de esquerda, como Umberto Galimberti, que ontem nas colunas do 'Repubblica' desenhava um quadro muito dramático da situação da nossa infância, advertindo, com uma bela citação de Platão acerca do próximo fim do mundo, ou uma "grande subversão", inevitável, quando as crianças deixam de ser destinatárias da cultura de uma sociedade para tornarem-se meros instrumentos de subsistência ou de bem-estar. O grito de dor do filósofo e a sua dramática admoestação deixariam que se pensasse que em comparação às outras sociedades, ou em outras épocas, haveria uma atenção maior nos dias de hoje às crianças com as suas exigências e evoluções. Pessoalmente, quanto a isso eu desconheço. Conheci, ao contrário, não nos livros, mas na minha experiência concreta, comunidades nas quais por miséria, ignorância ou por prejuízo, os meninos e as meninas eram aproveitados e maltratados, utilizados como instrumentos de prazer ou de salários, de um modo que hoje não podemos nem ao menos imaginar. Falo com uma experiência concreta minha, e portanto, de uma realidade italiana de quarenta ou cinquenta anos atrás. Falo de crianças que foram abandonadas para morrerem, em Nápoles, vítimas da poliomielite por insuficiência da estrutura sanitária ou por uma superstição resignada das famílias; falo de crianças vendidas sempre das famílias aos pastores, na Sardenha ou na Puglia, crianças que durante meses e meses foram obrigadas a viverem com as ovelhas, nutridas somente com pão e queijo, e usadas sexualmente por seus patrões; falo das meninas analfabetas obrigadas a colherem jasmins desde o amanhecer até o anoitecer, nos campos da Calábria, as preferidas pelas irmãs, freiras e madres por terem dedinhos sutis e pela docilidade das meninas. Tudo isto não existe mais graças àquilo que se chama progresso, não caído do céu mas desejado pelos homens, que levaram a todos os locais da Itália a vacinação obrigatória, a instrução até o 14 anos (à qual, eu bem sei, muitas crianças fogem, mas este é um outro discurso), e também aquilo que muitos desaprovam como um consumismo: os blue jeans, os tênis e as mochilas coloridas para irem à escola. E então, não é que eu penso como Pangloss em viver no melhor dos mundos possíveis. O noticiário nos dá, com grande frequência, testemunho das depravações da sociedade em que vivemos, mas para permanecermos dentro do tema, eu me pergunto, em primeiro lugar, se de fato os casos de violência, em relação às crianças, aumentaram ou se, ao invés disso, não aumentaram as denúncias, o nosso discernimento e a nossa consciência. Nas famílias campestres onde todos, adultos e crianças, dormiam na mesma cama, a violência e o estupro era um dado cotidiano, uma tomada de posse por parte do homem, isto é de qualquer coisa que naturalmente lhe pertencia. E as vítimas não pensavam em dirigirem-se à polícia e ao juiz. Não é pois que eu não veja as injustiças graves, ou as violências da sociedade em que vivemos, mas para indignar-me e criticá-las não pretendo curvar-me novamente como me parece ter feito Galimberti naquele tipo de utopia abatida, que consente projetar em um incerto e mítico lugar do passado as aspirações totalmente legítimas, que não conseguimos realizar aqui e agora. Esta volta ao passado é um exercício estéril e consolador que testemunha apenas a crise de uma cultura, a da esquerda, que depois de ter apostado no progresso da ciência, da história, e ter perdido uma partida, procura hoje conforto e sustento em uma cultura católica, que sempre condenou e desafiou a modernidade em nome da providência.

La Repubblica*

Uma outra reflexão é sobre o artigo de Carlo Chianura que fala de Ernesto Caffo o qual, ingenuamente, ingenuamente culpado, em junho de 1997 falava de "pedófilos às margens" da igreja católica.

Ingenuamente, mas culpado de colaborar no estupro de meninos!

Ele partia do pressuposto de que os casos de abusos de menores na igreja católica fossem insignificantes: milhões de meninos menores eram violentados pelos católicos, e cada abuso sobre menores tem sempre o sinal cristão, tanto diretamente como indiretamente, por efeito das devastações sociais produzidas por missionários e por padres cristãos em culturas diferentes.

Este artigo sobre as ideias de Ernesto Caffo permitem-nos entender os estuprados psíquicamente pelos cristãos, o que eles pensam sobre a igreja católica. A igreja católica é uma organização pronta para estuprar menores e para impor a ideologia da posse, que é aquela que propaga a violência de menores de idade. Pois bem, Ernesto Caffo, como os policiais dos USA que não acreditavam nas pessoas violentadas (e também os policiais italianos, sendo o bastante pensar na agressão que as Instituições organizavam contra as mulheres que denunciavam as violências sexuais), minimiza as atrocidades da igreja católica. Defende-a e, de fato, alimenta a violência sobre menores.

À luz das informações surgidas pelas várias investigações da polícia e das notícias da imprensa, deve-se refletir sobre o comportamento de Ernesto Caffo e de muitas Instituições.

*La Repubblica - Sábado, 7 de junho de 1997 - páginas 22
Carlo Chianura
A ENTREVISTA denúncia-choc de Ernesto Caffo, presidente de Telefone azul. Os 10 anos da linha para os garotos
"A IGREJA EXPULSA OS PEDÓFILOS QUE SE ESCONDEM EM SUAS PERIFERIAS."
'Sucede também nas escolas e no mundo do esporte. Muitos sabem mas poucos revelam, de modo que o menino acaba sozinho e desesperado.'

ROMA - "A Igreja fiscaliza de modo adequado o seu mundo e descobrirá que existe gente que se aproxima com a pedofilia e, de vez em quando, pratica-a plenamente. " A Igreja, mas também o mundo escolar e inclusive o mundo do esporte: como explode em tom alto Ernesto Caffo, o presidente do Telefone Azul. Caffo poderia estar de qualquer modo depois da descoberta do business de pornocassete com meninos violentados, salvo surpreso. Desse seu observatório privilegiado que amanhã, 8 de junho completará os seus primeiros dez anos, o neuropsiquiatra infantil Caffo está habituado a registrar o estilo de matar, quotidiano, com violências e com abusos sobre meninos. "O fato é que não há apenas Marcinelle, os meios de comunicação de massa não podem recordar dos meninos somente quando há a tragédia." Um momento professor Caffo: o senhor faz acusações muito graves. O que compete à Igreja agora? "Deve vigiar mais no seu interior e entre os grupos paraeclesiásticos. Há muitos processos dos quais nem ao menos se tem notícia que acabaram em negociações, e demonstraram a responsabilidade de adultos que pertencem a grupos religiosos. E além disso há sinais em Telefone Azul." Parece-lhe uma generalização? "Efetivamente eu não quero generalizar. Todavia, os genitores e os meninos têm o direito de saber que correm riscos, e portanto, devem saber como se defenderem. Na escola e no mundo do esporte pode suceder e sucede. Com uma advertência fundamental: O pedófilo que não se controla continuará a fazer as mesmas coisas em outras situações." Por quê é assim tão difícil defender-se desses indivíduos? "Porquê é difícil recolher as provas. Os magistrados bem o sabem e com frequência agem com cautela. Depois porquê os pedófilos não provocam suspeitas, e é raro os que não têm poder. De modo que muitas pessoas sabem, mas poucas falam." Quais são as consequências para um menino? "Naturalmente são devastantes. Tentemos apenas por um minuto colocarmo-nos no lugar dele. Pensemos na sua sensação de culpa devido ao segredo que se vincula ao pedófilo, pensemos que tudo isso pode ser mais terrível se entre os relacionamentos entre o pedófilo e o menino menor de idade houveram relações sexuais." Haverão também os mecanismos de defesa e de proteção. "É preciso ter coragem e dar coragem a quem sofre esses ultrajes. Escutar é fundamental. Nós temos procurado e procuramos fazer a nossa parte." O Parlamento parece que está pronto a mudar a lei. "É passo importante, desde que se prevejam delitos e punições. Mesmo porquê uma lei apenas não é suficiente. E além disso há uma outra bomba para ser desativada..." Uma bomba? "Sim, a difusão também no nosso país da tese, segundo a qual, o pedófilo teria uma dignidade cultural. Seria um dos que 'estimam os meninos'. Veja-se o debate sobre Linus e Babilônia. Na realidade está claro que o pedófilo é uma pessoa que pertence à uma esfera de pessoas com desvios sexuais, que abusa de pessoas mais fracas comparadas a ele." Professor Caffo, Telefone Azul completa seus dez anos. Dê-nos, em uma palavra, uma definição da linha para os meninos? "Diga que escuto". O que mudou em um decênio? "Existe uma conscientização maior no país, os meninos são mais respeitados, enfim são mais ouvidos. E existe um modo de se conversar com eles não somente em casos de emergência." Do primeiro telefonema lembra-lhe o que? "Uma menina de doze anos que ligou para dizer que acabava de tomar conhecimento que tinha sido adotada. Não perdoava os genitores por esse silêncio, por essa identidade que lhe foi negada." Episódio que a golpeou muito. "Muito, naturalmente. Lembro daquela menina de dez anos e meio que foi violentada pelo pai. Recordo-me do seu desespero para pedir ajuda." Exatamente qual a ajuda que vocês deram? "Em dez anos nos encarregamos de milhares de casos. Nos primeiros nove anos 18.152, dois mil cada ano. O ano passado 2500 casos, nos primeiros três meses de 1997 mais de 700 casos." O que será no futuro o Telefone Azul? "Temos dois grandes projetos. O primeiro é o de haver terminais em todas as regiões, para que um determinado caso, seja acompanhado até a solução final. O segundo é criar uma comitiva de emergência pronta a intervir 24 horas, em todo o território nacional."

La Repubblica.

O artigo de Galimberti constitui um exato e específico ato de acusação contra a psiquiatria e a psicanálise. Inclusive contra padres "nobres" como Musatti.

Todos eles conheciam muito bem os traumas do inconsciente, mas continuaram a pensar no indivíduo como sendo um sujeito criado à imagem e semelhança do deus-patrão cristão, e assim menosprezaram a adaptação psico-emotiva do indivíduo à violência da submissão imposta pelo cristianismo e, particularmente, pelo catolicismo.

Devemos aguardar os nossos dias para que a magistratura comece a caçar a violência coercitiva contra crianças. Seja a violência na forma de bofetadas seja na forma de pauladas, bem como na forma de chantagem psicológica. Atualmente, muitos magistrados estão muito atentos à condição psico-física das crianças.

Pedofilia e pederastia, nos diz Galimberti, nesse artigo de 1997, são desconhecidos pela psicanálise e pela psiquiatria.

Esperar-se-ia que a psicanálise se elevasse à defensora das crianças especificando nos traumas da infância, pré-adolescência, e adolescência, as causas da deformação emotiva que levam o futuro adulto a uma forma de sofrimento social, frequentemente destrutiva. Porém, a psicanálise e a psiquiatria são controladas economicamente pela igreja católica. E, portanto, dessas causas de deturpação emotiva, fala-se em baixa voz. Quanto menos vêm à tona os atos criminosos da igreja católica, no que se refere às crianças, mais os clamores, que censuram a pedofilia, diminuem. Pois, eles não desejariam perder os cargos no trabalho.

*La Repubblica - Terça-feira, 10 de junho de 1997 - página 1
Umberto Galimberti
A POLÊMICA
MAS NÃO A CHAMEM DE PEDOFILIA

ACABA que, sabem demais os policiais e os técnicos especialistas sobre aquilo que os psicólogos, sociólogos e instituições educativas não tem conhecimento. E onde não há conhecimento não há possibilidade de intervenção, e por isso o fenômeno pode se alastrar, como está se alastrando diante de uma indiferença geral ou diante de uma indignação breve e passageira. No demais há silêncio. Um silêncio que acaba sendo cúmplice do mal. Estou falando da pedofilia, um fenômeno explodido há um ano nas soleiras da consciência coletiva, com fatos cruéis acontecidos na Bélgica e hoje surge novamente em jornais (mas ainda não assimilados pelas consciências) devida à circulação de cassetes exibindo sexo com crianças, descobertos em Roma e que passaram a ser manchete de jornais. Advertimos a todos que, nos relacionamentos com as crianças, não se está executando o sexo, propriamente dito, mas sim a violência, onde um adulto, tido como psicologicamente incapaz, mas aqui digo-o que também é impotente para ter uma relação sexual com outro adulto; relaciona-se com um menino para desfrutar da sua impotência, para conseguir excitar-se ao ver o menor totalmente aprisionado naquele período forçado ao seu desejo perverso, e portanto para ver o menor de idade ferido e finalmente derrotado. Porém, para que tudo isto não venha à tona e a tenebrosa escuridão da pedofilia se torne mais densa, inicia-se o jogo do prestígio de nomes. Um JOGO que com a cumplicidade do conhecimento da psicologia, da psicanálise e da psiquiatria, mas aqui posso dizer também sociológico, histórico, literário, envolve o ato em um círculo entrelaçado com palavras de maneira a tornar o fato não identificável. Comecemos pelo nome. Pedofilia é um nome impróprio que, igualmente ao de efebofilia, indica o amor por jovenzinhos, um amor que oportunamente evaporado pode tornar-se inclusive em uma atitude pedagógica. Quanto intervém relacionamentos sexuais, já não se trata de pedofilia, mas de pederastia, um limite que é confundido e misturado, subitamente, com a homossexualidade, e isto não somente por obra da comum incompetência, mas por obra do saber científico, assim denominado, se for verdadeiro o Novo dicionário de sexologia editado pelo Longanesi, às páginas 920 aonde se define a pederastia: introduzido o pênis no ânus, depois disso ninguém pode distinguir a pederastia de práticas análogas, quer sejam homossexuais quer sejam heterossexuais. Cada um entende que a forma correta dos nomes não é somente por um escrúpulo filológico, mas é um modo de evitar que, havendo confusão nos nomes, os fatos sejam mascarados, se ocultem as coisas, e sejam atenuadas ou obscurecidas para não fazê-las aparecer na sua realidade fria e violenta. Praticada com um adulto a introdução do pênis no ânus (immissio penis in anum) não é a mesma coisa quando é praticada com um menino, porquanto ele não pode nem concordar nem discordar, porquê nas condições em que se encontra o menor de idade não tem liberdade nem para pensar, nem querer, nem para reagir. Mas devemos, de qualquer modo, estar agradecidos ao Novo dicionário de sexologia, da Longanesi, porque nas suas 1370 páginas dedicadas à sexualidade dedica aproximadamente umas trinta linhas, dispostas em colunas, à pederastia. Esta é ignorada, completamente, pelo Dicionário de psicologia da editora Laterza (1168 páginas), pelo Tratado de psicanálise de Musatti (828 páginas, Boringhieri), é ignorada também pelo Manual de psiquiatria de Sivano Arieti (2368 páginas, Boringhieri). A pederastia é diluída com a pedofilia às quais dedicam poucas linhas pelo Tratado de psicanálise de Alberto Semi (1903 páginas, Cortina), pelo Dicionário de psicologia de Dalla Volta (995 páginas, Giunti Barbera), pela enciclopédia psiquiátrica da Roche (381 páginas). O Dicionário de psiquiatria de Hinsie e Campbell dedica à pederastia três linhas definindo-a como coito pelo ânus (coitus per anum) (905 páginas, Astrolábio), enquanto a essa perversão é dedicada uma coluna e meia, insuficientemente, como "pedofilia" pelo Léxico de psiquiatria de Christian Muller (661 páginas, editor Piccin) aonde é lido que a essa prática se dedicam: "Pessoas de idade compreendida entre os 15 e os 30 anos que estão em condição de uma emergência sexual, como também psicopatas e neuróticos sexuais, oligofrênicos, alcoólatras crônicos, drogados ou os afetos à fórmulas orgânicas difusas ou focais com interferências cerebrais." No entanto, muito melhor conduziu-se o firmado no Dicionário de psicologia (1022 páginas, Utet) que dedicou à pederastia duas linhas e catorze linhas à pedofilia. Peço desculpa ao leitor por este elenco sumário, útil somente para que despertemos com o fato de ser praticamente impossível fazer uma ideia do fenômeno, tomar uma posição e estabelecer intercessões, se este é o modo do entendimento e o nível de confusão específica lá, aonde o falar é "saber" e não o "ouviu-se dizer". Sabemos tudo sobre a heterossexualidade, da homossexualidade, da bissexualidade, da transsexualidade, e nada da sexualidade com os meninos, mesmo se o fenômeno no Extremo Oriente e na América Latina há cifras de seis zeros, como bem o sabem os técnicos especialistas e os noticiários recentes onde parece que com 200 dólares é possível comprar para sempre uma baby prostituta. E de nossa parte? Além do jogo confuso dos nomes, que não permite que se identifique a coisa, e portanto mascara-lhe, encobre-a, além da falta de estudos sérios sobre a pederastia, que é confundida tanto com a pedofilia como com a homossexualidade, há aquela pederastia existente em família que, mesmo se rubricada com o nome de "incesto", não por isto deixa de ser um "relacionamento sexual com crianças". E do momento que os incestos são muitos e não fazem distinção de classes sociais, devemos dizer que os relacionamentos sexuais com crianças também entre nós se difundiram, mas são acobertados e ocultados, além do jogo do prestígio de nomes, da cumplicidade, dos silêncios, da tolerância, das ameaças, das chantagens, do não querer saber como isto será tratado. Duas coisas, todavia, aqui são ditas: um menino ou uma menina que sofrem abusos estão psicologicamente feridos por toda a vida deles. Além do evento físico, sofreram, efetivamente, aquilo que não podiam compreender o porquê de tal violência, e quando sucede que, aquilo que não pôde ser compreendido foi inserido na experiência pessoal da criança, então o terrível já aconteceu. E para sempre. Há com certeza algo de indelével na sexualidade padecida e não entendida. E muitos caminhos que a conduzirão às drogas, à prostituição, com desprezo dela mesma, até mesmo ao suicídio, tudo isto tem a sua raiz aqui, nesta violência asquerosa contra a criança. Se a vontade momentânea, ou reiterada, de um adulto, tem como efeito o seu destino quase sempre desastroso de uma vida indefesa, e que indefesa permanece perante todas as provas da vida, porquê quando estava sendo construída foi desarmada, então, no juízo sobre a sexualidade da criança não deve estar presente um ato de um adulto, aquela intervenção de um adulto, pois do contrário o destino da criança estará definitivamente comprometido. Se não corrigirmos a maneira de se enxergar essa realidade, então continuaremos a julgar somente o "ato obsceno" e não "memórias de uma vida despedaçada." A segunda coisa a se ter presente é que nas relações sexuais, com meninos menores de idade, o que está em jogo não é tanto a sexualidade como é a potência, a dominação na sua urdidura, das mais cruéis, que é a maquinação fazendo uso da violência contra indefesos. E eis o desastre ao saber que, com o seu silêncio, ou repugnância que, embora removidos, tornam o fenômeno intocável, etéreo, e concentra em cada um de nós a percepção da crueldade. É necessário evitar que a tolerância com que hoje, precisamente, desfruta a sexualidade, seja uma tolerância que se estenda à sexualidade das crianças, porquê neste caso nem de sexualidade se trata, mas de violência inserida á sexualidade o que a torna inflexível e completamente inconsciente, colocando-a em choque até mesmo com a libido sexual da vítima. Como nos rebelamos contra o pai que naquele dia em Savona degola a sua pequena menina porque estava brigando com a esposa de quem tinha se separado? Da mesma forma igual indignação e intolerância devem ser ativadas contra quem despedaça vidas que estão desabrochando, despedaçadas por um impotente que apenas ativa as suas vontades perversas em seu baixo ventre. Indignação e intolerância, mas acima de tudo, com pleno conhecimento e clareza ao usarmos a linguagem, de modo que se possa distinguir bem a sexualidade da violência e, sob a tolerância sexual, não passe desapercebido e de modo confuso, aquele que somente com uma boa dose de falsa consciência podemos não registrá-lo como sendo o pior entre os criminosos.

La Repubblica

Quando James Hillman afirma que depois de 100 anos de psicanálise assiste-se a um acúmulo de destruição nada mais afirmou, constando, o horror provocado pelo cristianismo, que pretendeu unir as descobertas da psicanálise com o horror da ideologia cristã do pecado. A psicanálise em si mesma não foi derrotada, mas sim o uso que o cristianismo fez da psicanálise e que os psicanalistas aceitaram por covardia. Assim, a psicanálise, em vez de estar ao serviço do homem, agiu ao serviço da coação católica, acabando em favorecimento das violências dos padres pedófilos por meio da ocultação dos efeitos sociais causados pela violência da igreja católica. Violência que, tanto física como psíquica, manipula e destrói o homem nas suas relações com o mundo, e consequentemente destrói a abertura do futuro do homem.

Como afirma Galimberti, a pedofilia e a pederastia não constituem um complexo de atos obscenos, mas é um conjunto de vidas despedaçadas e aniquiladas num presente angustioso e obsessivo.

Esta é a grande responsabilidade dos padres católicos: ter destruído vidas de rapazes e ter destruído uma sociedade onde a DEMOCRACIA se nutre do discernimento da própria sociedade, e da coragem com que os indivíduos se predispõem a enfrentarem o futuro.

Marghera, 07 de Abril de 2010

*Nota*: os links citados com frequência são ocultados pelos jornais, para com isso consentirem a reiteração dos delitos de pedofilia e de pederastia cometidos pela igreja católica. É possível que após anos não estejam mais ativos ou estejam escondidos.

A tradução foi publicada 10 de março de 2016

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

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La chiesa cattolica e le sue strategie sociali

Claudio Simeoni

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Os hebreus e cristãos na sociedade

A nossa sociedade evidencia-se pelo ódio cristão. A nossa democracia desponta da monarquia absoluta imposta pelos cristãos. A sociedade dos direitos do homem surge de uma sociedade na qual deus tinha todos os direitos sobre o homem, inclusive o de exterminá-lo. Não existe um conceito social, uma ideia filosófica, que não seja uma emanação da ideologia cristã do domínio do homem sobre o homem.