Lições sobre o homem e o seu lugar na criação e na história da terra

O positivismo materialista e o racismo em Karl Vogt

Karl Vogt 1817 - 1895

di Claudio Simeoni; tradução para o português por
Dante Lioi Filho

 

Cod. ISBN 9788891185785

Teoria da Filosofia Aberta - Vol. 2

 

Karl Vogt o racismo entre bíblia e anatomia
O positivismo materialista

A ciência praticada por Vogt era impregnada de muitas ideias a priori, fruto da imaginação cristã.

Os meios da verdade, no que diz respeito às ideias preconcebidas, são os mesmos meios que a ciência usa em sua totalidade, ainda hoje, ao apresentar aos cidadãos os seus próprios resultados.

Não se trata de uma busca contínua na exploração de um desconhecido em que vivemos, mas da enunciação de ideias de verdade. Ideias que, no dizer de quem as promove, responderiam ao por quê da vida e da existência.

Há uma grande diferença entre a ciência entendida como física ou mecânica e as ciências sociais.

A primeira obedece às leis matemáticas, a segunda explica a manifestação da vida procurando os porquês que emergem do conjunto de porquês, que se desenvolvem em círculos concêntricos.

As ideias apriorísticas que Vogt aplica ao seu trabalho científico são ideias próprias dos positivistas, segundo os quais as afirmações são demonstradas pela experimentação, e das quais Vogt extrai que toda a vida é expressão da matéria. A vida é expressão da matéria, mas as ideias não são expressões da matéria. São expressões do contexto social no qual Vogt colocou em prática a sua adaptação subjetiva.

Vogt e os outros pesquisadores positivistas são como Darwin, partem à procura de provas que convalidem as suas afirmações apriorísticas. Só que Darwin trabalhava nas espécies enquanto Vogt separa as espécies para procurar os mecanismos biológicos internos capazes de produzirem o pensamento abstrato. "A bile está no fígado como o pensamento está no cérebro". Só que o cérebro pensa somente em um corpo vivo e não num cadáver que vem a ser seccionado. Seccionar um cadáver não é a mesma coisa que interpretar uma sociedade. São métodos diferentes. O cadáver, ou as máquinas, são feitos por órgãos mais ou menos mensuráveis. Uma sociedade ou os corpos vivos são formados por impulsos, vontade, paixão, intentos e escopos existenciais; e a ideia formada por corpos viventes providos de vontade. inteligência, escopo e intento, que o filósofos positivistas não concebem no homem.

O homem é expressão da matéria, mas é uma matéria que se exprime mediante a propagação da própria libido com uma vontade e inteligência.

Vogt escreve:

"A história da ilha de Pitcairn demonstra a fecundidade dos polinésios com os europeus, essa ilha contém atualmente uma população de duzentas pessoas que formam uma raça mista formada pelo cruzamento de alguns marinheiros ingleses e de mulheres do Taiti, que se distinguem pela bela forma do corpo, pela sua musculatura, vitalidade e inteligência. Por outro lado, nas mesmas ilhas nas quais aumentam relações ativas entre tripulações dos navios e as mulheres indígenas, e que não estão para nenhuma raça mista significativa, mas, ao contrário, os indígenas escasseiam rapidamente em direção a extinção total. A união entre brancos e australianos, que parecem cada vez mais estéreis. Segundo Broca não se conhece presentemente nenhum mestiço que tenha sido citado por diversos viajantes, enquanto na América há vários termos, que formam um vocabulário amplo, para exprimirem graus diversos de raças mistas, que vivem naquele país, enquanto na Austrália e na Nova Gales do Sul os ingleses possuem uma infinidade de expressões para definirem os diferentes tipos de colonos brancos, mas não existe ainda algum termo para designar a mistura de sangue entre europeus e australianos, nem alguma qualificação legal ou administrativa que defina tal combinação. 'Broca pode afirmar, como perfeitamente demonstrado, que mestiços resultantes do cruzamento de europeus e fêmeas indígenas, são excessivamente raros na Austrália. Este fato está de tal maneira em contradição com as opiniões geralmente admitidas no cruzamento das raças humanas, que vale a pena pesquisar senão que se possa atribuir aos motivos diversos dos fisiológicos."

Vogt, nas suas reflexões, substitui as características culturais e existenciais das pessoas pelas considerações fisiológicas ou de raças.

Os antropólogos de então, procuravam legitimar essa não-raça humana, que, como vimos precedentemente, segundo as teorias da bíblia, quando o homem foi criado existiam outras "raças" com as quais Caim, teria com elas, feito cruzamento.

Vogt considera que Broca afirma que os filhos mestiços derivados de mulheres aborígenes com brancos, são extremamente raros (notem bem que: não existem filhos gerados por homens aborígenes com mulheres brancas).

Vogt escreve:

"Broca mostra que o relacionamento entre europeus e australianos, muito longe de serem raros, são ao contrário extraordinariamente frequentes por causa da raridade de mulheres brancas nas colônias. Mostra ainda mais que os mestiços não são massacrados como se tentou dizer na maior parte do tempo, em outros lugares as uniões, tão restritas, levaram ao nascimento de uma raça mista, e finalmente que, embora a frequência dos relacionamentos desta natureza, na Austrália, os mestiços são encontrados raramente, que atualmente não se pode ter nenhuma informação nem sobre a sua formação corpórea nem sobre a sua propriedade intelectual e nem sobre a fecundidade deles. Se estas informações são verdadeiras não é para se surpreender que o grau de esterilidade é encontrado precisamente junto aos povos mais longínquos uns dos outros para constituição. Com efeito, as objeções que M. de Quatrefages procura levantar contra esses fatos são fracos que não necessitam de objeções ulteriores. Se fosse verdadeiro que os australianos matam os mestiços que retornam junto às mães deles nas tribos selvagens, não podemos, por outro lado, admitir que os pais europeus que se encontram em condições de terem crianças com as australianas fossem suficientemente bárbaros para entregar os seus filhos a uma morte certa; esperaríamos um tal desprezo pelo sentimento humano, por ladrões e bandidos, que constituíram a primeira população da Austrália."

Vogt, ao construir o seu pensamento, assume como parâmetro, os dados fornecidos por Broca. Tais dados confirmam em Vogt a "crença" de que a "raça" europeia e a "razza" australiana são duas espécies diferentes. Um pouco como o asno e o cavalo. No máximo, segundo Vogt, poderiam nascer os híbridos estéreis (mulas e bardotos), mas permanecem duas raças diferentes.

A estas objeções antropológicas racistas de Vogt, se opõem as observações de um outro naturalista antropólogo francês, M. de Quatrefages, o qual diferentemente de Vogt, sustenta que o homem é uma espécie só, e que as misturas de raças nós sempre tivemos, que atualmente os povos são só misturas desordenadas de outros povos, e que australianos e europeus constituem a mesma raça que se modificou adaptando-se a mundos diferentes.

Vogt julga contestar Quatrefages antepondo a dúvida criacionista cristã à analise dos fatos. Vogt aceita a hipótese de que os aborígenes possam matar as mães que retornam com os seus filhos à tribo selvagem. Com isto Vogt projeta a ideia da mulher como objeto de posse, ideia exata da ideologia cristã, sobre o comportamento dos aborígenes australianos que passam a ser considerados como "selvagens" em sentido depreciativo. Não diz que os aborígenes o fazem, mas diz que esse "boato" poderia ser verdadeiro, e de qualquer modo, faz uma conciliação com o seu modo de pensar o mundo. No rastro desse pensamento, Vogt nega decididamente que os "pais" europeus matem os filhos nascidos de uma mulher aborígene. Afirma que, comportamento semelhante a esse, poder-se-ia esperar dos ladrões e dos bandidos da primeira leva na colonização da Austrália, e não dos atuais europeus. Hoje sabemos, claramente, que isto acontecia de modo sistemático e precisamente pelo ódio racista dos cristãos brancos contra os Australianos.

Agora sabemos que nessa disputa Quatrefages tinha razão, e Vogt estava errado. Sabemos que com esse projetar de crenças sobre o mundo, nasce o socialismo, e que por este motivo o socialismo é indiferentemente ideia social e ideia de domínio, é aspiração do povo ou articulação do genocídio como no nacional-socialismo. O socialismo outra coisa não é senão o cristianismo que se torna social, e que projeta as suas ideias religiosas sobre o mundo e sobre a vida. Nesta ótica, não é estranho que o socialismo de Mussolini transformou-se em fascismo e tenha produzido as leis raciais.

Vogt escreve:

"Depois de ter examinado os fatos principais, relativos às modificações causadas tanto pelas influências externas, as mudanças do habitat, como pelos cruzamentos, vamos dar uma rápida vista d'olhos sobre a superfície terrestre:

1) as diferenças que apresenta o gênero humano, que nós designamos com o nome de raças ou espécies, - estas duas palavras, quando usadas entre as raças naturais, são de fato idênticas - essas diferenças são resultados dos fatos conhecidos e tiveram continuidade sem modificações sobre o mesmo solo;

2) as modificações, que nestas espécies originais, são produzidas por eventuais modificações externas, são de tal maneira pequenas para poderem ser, de algum modo, comparadas com as diferenças originais.

3) Nas imigrações sem raças resultantes de um transplante para um outro clima, pode se formar por seleção uma raça ou espécie humana nova, com os seus caracteres, estando também em condições de se adaptar, depois de poucas gerações requer um tempo bastante longo para adquirir aquela constante que caracteriza as raças primitivas humanas.

4) As espécies humanas diferentes mostram graus diferentes de fecundidade nos seus cruzamentos recíprocos, em uma grande parte são indefinitivamente fecundas entre elas, de forma que os mestiços, que elas produzem, em algumas espécies são mestiços que têm produção limitada, chegando a um ponto em que algumas raças mistas não podem produzi-los.

5) as raças mistas adquirem pouco a pouco, por seleção contínua, a mesma constância das características que distinguem as raças primitivas, e portanto da miscigenação resulta uma espécie nova.

6) os cruzamentos heterogêneos produzem os aglomerados sem raça - os povos não oferecem as características determinadas - formam, por assim dizer, um círculo de dispersão da espécie original, dispersão em torno da espécie original, e que se miscigenando de todas as maneiras nos seus pontos de contatos, passam umas às outras."

Pelo afirmado acima, Vogt tira as suas conclusões criacionistas que se tornarão parte de um socialismo positivista de molde cristão.

Segundo Vogt, a raça ou espécie têm continuidade sem modificações sobre o mesmo solo. Quatrefages asseverava que isso não é verdadeiro, e que a miscigenação de etnias diversas tinha continuidade na história. Hoje sabemos que uma particularidade do homem europeu é um percentual de integração com o homem chamado de Neandertal. Quatrefages intuíra corretamente, e da sua intuição deveria provir um ordenamento social, e ao invés disso, o ordenamento social até 1945, provém dos preconceitos de Vogt, segundo o qual a um determinado solo corresponde uma raça humana.

Esta deformação mental que leva o nome de racismo, presente com outras justificações antes de Vogt, se tornará um dos argumentos do racismo da última parte do século XX e da primeira parte do século XXI.

Um solo, uma raça: um modo para se dividir os homens nas suas aspirações. Um modo para criar conflito com a parte mais fraca dos Seres Humanos. Um modo para ser construída a marginalização. Um modo para se construir uma determinada classe de marginais, que passa a ser um objeto de desprezo, e no entanto serão os membros das classes marginalizadas que alimentarão a riqueza em cada sociedade humana em particular. Aqueles que são marginalizados alimentarão o acúmulo de riquezas por parte da igreja católica, do cristianismo e da grande finança internacional até a crise de 2008-2016 (hoje em 2013 é difícil pensar que a crise de reestruturação dos equilíbrios econômicos-sociais, em execução, terá influência de modo apenas suficiente antes de 2016).

(Nota: Claudio Simeoni escreveu isto no ano de 2013)

As modificações nas características aparentes das espécies humanas, não são consideradas significativas por Vogt. Ele pensa em termos de modificações do homem pela criação do deus patrão, em cerca de cinco a dez mil anos a.c., nos quais os seus tempos mentais, onde insere a modificação dos Seres Humanos, são extremamente breves. É o esquema mental induzido pela bíblia, que condiciona o pensamento positivista de Vogt e de todos os positivistas, e que na política se tornarão desde os socialistas contrapostos, pelo menos na imaginação social, aos materialistas dialéticos que chamarão a si mesmos de "comunistas", e que manifestarão, sempre, necessidades sociais diversas. As espécies originais, para Vogt, são aquelas nascidas na criação do mundo, por obra do deus chefão e todo poderoso da bíblia. Seja os que foram criados como "homem"ou que já preexistiam à criação do homem, porquanto espécies "aparentemente humanas", que se aproximam da espécie "homem", mas raças diversas com as quais Caim originou a cria. Vogt não tem capacidade para sair desse esquema, e este esquema condicionará o desenvolvimento das ideias do homem.

Vogt afirma que existem as possibilidades de uma raça, transportada para um clima diferente daquele em que ela foi criada, de poder dar vida a uma raça diversa, mas Vogt especifica as características mesmo aparecendo depois de poucas gerações, serve muito tempo afim de que tais características venham a ser adquiridas, modificando as características da raça primitiva. Todavia, as características que se sucedem em um clima diferente, não modificam a fundação da raça primitiva criada por deus.

O parâmetro que Vogt considera, para determinar a diversidade das raças, são as características de fecundidade. Afirma que algumas "raças" humanas são assim diferentes de outras no sentido de não serem fecundas quando se misturam, e em outros casos, que a miscigenação entre as "raças" "gera" indivíduos estéreis. Para Vogt a moral é a constante imposta pelo deus chefão, e portanto, não vê como os sujeitos humanos possam aplicar uma moral diferente daquela que ele pensa. Este modo de pensar "os outros" será um dos motivos que levará Vogt ao conflito com Marx.

Quando se formam as "raças mistas", Vogt afirma que por seleção reproduzem as características das raças primitivas, ou que cruzamentos heterogêneos produzem dispersão de características.

O racismo de Vogt tem pretensões científicas, mas não é científico. Trata-se exatamente do mesmo racismo contido na bíblia, à qual Vogt pretende dar uma legitimidade científica em um contraste aberto com os dados que reúne. Que os negros fossem animais sem alma para serem reduzidos à escravidão, era um pressuposto argumentado também pelos jesuítas. Portanto, da legitimidade teológica dada ao racismo, se passa à legitimidade do racismo dado pela ciência, que secciona cadáveres. São comparados, articulações, crânios, tíbias, bacias para demonstrar que se trata de raças biologicamente diversas.

E de onde Vogt apanha as suas ideias, que ele projeta sobre os homens para legitimar o seu próprio racismo?

Vogt escreve:

"O ponto de vista que nós desejamos reassumir são os resultados não somente da observação do homem, mas também a dos animais domésticos e selvagens, que unidos à circunstâcia, combinam bem com os fatos, dando-lhes mais peso. Nós não somos suficientemente cegos para querermos afirmar que as espécies humanas primitivas não sofreram nenhuma modificação pelo ambiente, tanto é que, por outro lado nós declaramos incapaz de seguir nos seus vôos audazes as fantasias de quem deseja engrandecer estas modificações, e as eleva ao nível de particularidade das raças primitivas. Não negamos cruzamentos ou raças mistas que foram alcançadas, mas não podemos admitir que a existência de raças mistas pudesse de qualquer modo cancelar inteiramente as diferenças originais e fornecer uma prova a favor da unidade primitiva que contrastasse com todos os fatos conhecidos. Negamos muito menos o desaparecimento das raças humanas bem caracterizadas, não colocam em discussão o nascimento de novas raças e espécies através do cruzamento de espécies existentes favoritas, pode ser da influência da modificação das circunstâncias externas. Nós encontramos um acordo perfeito com todos os fatos que nós conhecemos no mundo animal remanescente. Nós não temos necessidade de alguma influência extra-natural, de alguma ação direta de uma força problemática fora da natureza, e não mais de Laplace para a construção da mecânica celeste, não temos necessidade de nos refugiarmos na hipótese de uma intervenção direta da divindade, hipótese na qual um crente, novo defensor da unidade do gênero humano, se esforça em reconduzir em frente ao peso dos fatos".

Vogt opõe-se, com as suas soluções, afirmando que por um lado não reconhece nenhuma influência extra-natural sobre o que o homem se tornou, mas por outro lado aproxima as seleções naturais às seleções dos animais domésticos. O problema existente no fundamento do raciocínio de Vogt é a questão do tempo: a evolução, aconteceu através de centenas de milhões de anos, e o que falta somente ao seu raciocínio é a consciência que "...nós não podemos admitir que "a existência de raças mistas" pudesse de qualquer modo cancelar inteiramente as diferenças originais e fornecer uma prova a favor da unidade primitiva..."

Antes de mais nada, não existe "uma unidade primitiva" , senão no Ser unicelular que se movia no Caldo primordial, em segundo lugar não existe uma diversidade de raças, como entendido por Vogt, senão como forma aparente, e em terceiro lugar não existem fatos conhecidos que Vogt levou como sustentação das suas teses. Não existem espécies humanas primitivas, senão na fantasia de onipotência de Vogt. O primitivismo (que o cristianismo considera como o degrau mais alto da evolução da espécie humana) nunca existiu. É uma afirmação supersticiosa. É um efeito da "magia simpática" que os positivistas utilizarão para desenvolverem a ciência deles.

Essas soluções de Vogt, que procura o sentido do homem na Natureza, seccionando o cadáver do homem, se chocam com outras afirmações totalmente delirantes com as quais se concluía parte da discussão daquele tempo.

Vogt escreve:

"A minha opinião é que, depois de um período, provavelmente muitos séculos, que deus havia multiplicado as línguas, separado o homem em várias estirpes, falando cada qual uma língua específica, e distribuído esses povos diversos sobre a superfície terrestre, doa a eles, no decorrer das gerações, com um ato especial da sua onipotência. as peculiaridades exteriores próprias à cada uma das raças, na medida em que a constitui em nação, seja na medida que a conduz na sua direção especial e cada expansão em direção a uma determinada localidade, ele lhes confere por um ato de providência o temperamento e a predisposição necessária para habitar as polis, as zonas temperadas ou os trópicos; na medida que ele constitui essas nações, ensinou-lhes os meios adequados para satisfazerem as suas necessidades por meio das indústrias apropriadas à localidade, e enfim ensina-lhes a cultivarem as plantas úteis adequadas ao clima, e que não existem no estado selvagem". Eis como o doutor Sagot explica e entra em acordo com a verdade dos fatos que existe no gênero humano com a unidade bíblica. Mas se é realmente deus que nutre os animais na arca de Noé, com o alimento celeste, todas as dificuldades que se opõem a este mito, elas mesmas se removem. Quando todas as circunstâncias naturais que se opõem a um mito podem ser descartadas pela direta ação divina, não se tem mais que fazer pesquisas na história natural. Nós, contudo, não estamos ainda no mundo civilizado, mesmo se muitos ardentemente voltam o olhar naquela direção."

Que o gênero humano é único não há dúvida. Que o cristianismo queira transformar os Seres Humanos nas ovelhas do seu rebanho próprio, fomentando a divisão social, é um dado de fato. Que os cristãos constroem muitas opiniões, delirando na atividade do deus chefão, é um outro fato.

Não se pode reduzir o discurso entre muitas raças a uma só raça para se justificar quem possui a raça ou qual é a raça superior. Trata-se de fraude, com que se possa exercer o direito de propriedade sobre os homens.

Os homens não são iguais como espécie e raça porque assim foram criados pelo deus patrão, mas iguais por espécie e raça porque como qualquer outra espécie da Natureza, *veio a ser na Natureza* (grifado pelo aqui tradutor), adaptando-se aos ambientes diversos. Outros hominídeos apareceram no decorrer da história da vida da Natureza. Que estes tenham sido espécies em si mesmas ou com modificações diversas na linha de transformação do homem, pouco importa quando a questão na discussão constitui um delírio chamado "superioridade de raça".

Posso distinguir diversas formas que caracterizam vários povos, mas quando à essas formas atribuo caracteres sociais, religiosos, características comportamentais, ou pior ainda, diferenças fisiológicas com a finalidade de considerá-los "seres inferiores", então outra coisa não estou fazendo senão reproduzir o esquema do deus-patrão-todo poderoso, e do seu povo eleito com o direito de massacrar todos os outros povos. Um "direito" que nego não apenas a um povo, mas ao deus-chefão, que se torna objeto de desprezo e de condenação por parte da humanidade inteira.

O fato de Vogt ignorar que os cristãos massacram os seus filhos frutos de mulheres aborígenes pelo fato dessas crianças nascerem, degradando-os à classe de "aborígenes", consideradas por eles, cristãos, como sendo uma raça inferior e primitiva, não dá legitimidade a Vogt de ignorar os fatos, ou pior, a não captar os efeitos do cristianismo na sua atividade de terrorismo social.

O fato das argumentações dos positivistas demolirem os contos da bíblia, não autoriza os cristãos a explicarem esses contos, da bíblia, com outros contos que têm a finalidade de escravizar o homem, separando-o da Natureza.

O socialismo, com claro sinal positivista, fará do nacionalismo um sucedâneo do racismo, que nas suas formas mais agressivas alimentará o genocídio colonial, e o nacional-socialismo com os seus campos de exterminação, propagando a ideologia da bíblia que legitima o direito ao genocídio do mais forte sobre o mais fraco.

NOTA N.1: As, citações foram traduzidas de "Leçons Sur l'Homme sa place dans la création et dans l'histoire de la terre" de Carl Vogt, Editore G. Reinwald 1865.

NOTA N.2: O texto original de Carl Vogt, citado, foi extraído de:

http://www.google.it/books?id=PLk8AAAAYAAJ&hl=it

In Italiano Il razzismo fra bibbia e anatomia Lezioni sull'uomo e il suo posto nella creazione e nella storia della terra di Karl Vogt.

Marghera, 30 de abril 2013

Traduzione completata il 28 aprile 2015

Teoria da Filosofia Aberta - Vol. 2

 

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A TEORIA DA FILOSOFIA ABERTA - Espiritualismo

*No ano de 1995 (alguns meses antes, alguns meses depois) me fiz esta pergunta: se eu devesse me confrontar com os filósofos e com o pensamento dos últimos séculos, quais objeções e quais argumentos levaria comigo? Falar dos filósofos dos últimos séculos, significa apanhar um acervo de um material imenso de escritos. Então pensei: "Poderei apanhar a síntese das ideias principais deles, o modo como argumentaram e poder argumentar como eu me colocaria diante daquelas ideias".

Peguei o Manual de filosofia para liceus clássicos, o terceiro volume, e passei a ler filósofo e mais filósofos, bem como ideia e mais ideias. Certamente não é um trabalho acadêmico, nem tem a pretensão de uma refutação filosófica, porém me permitiu enxaguar, no rio do pensamento humano, muitas ideias geradas pela percepção alterada.*